
Boa noite galera gostei desta edição, e achei que deveria compartilhar com todos deste blog...leia o texto abaixo
Quando é que o peso do seu vizinho se torna um problema seu também? A obesidade atualmente alcança proporções epidêmicas no mundo inteiro. Mesmo assim, continuamos consumindo o planeta até a morte pelo bem da economia.
Mais de um bilhão de adultos no mundo todo está acima do peso – e pelo menos 300 milhões deles são clinicamente obesos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS também adverte que a obesidade é um dos fatores que muito contribuem para agravar ainda mais o problema mundial crescente das doenças e incapacitações crônicas.
Agora um pensamento provocativo: e se a obesidade não for tanto um subproduto da modernidade, mas um sintoma de que alguma outra coisa está fundamentalmente fora do eixo? E se a ênfase implacável no crescimento econômico nos conduziu a pontos muito específicos onde tanto o bem-estar ambiental como a riqueza humana erraram o alvo?
Para Garry Egger, professor de Medicina do Estilo de Vida na Southern Cross University, e para Boyd Swinburn, professor de Saúde Populacional na Deakin University, ambas na Austrália, "a obesidade pode nos alertar para problemas estruturais na sociedade”.
Os dois pesquisadores lançaram recentemente um livro intitulado Planet Obesity, no qual argumentam que, por ser endêmica, a obesidade não pode simplesmente ser descartada e vista como resultado da indolência e da gula dos indivíduos.
A obesidade é um exemplo do êxito humano que atingiu e ultrapassou o seu ponto máximo, diz Egger. "Pode-se dizer que estamos entrando em um 'ponto morto', onde o próprio sucesso que conquistamos está ameaçando anular séculos de melhoria nos padrões de vida, nos níveis da saúde e na duração de vida cada vez maior."
Humanos mais pesados
Durante muito tempo na história humana a vida foi uma luta pela sobrevivência, então as pessoas permaneciam relativamente magras.
Nos tempos atuais, não admira que as cinturas tenham alargado com o acesso fácil a alimentos processados e altamente energéticos, porém pobres em nutrientes e com elevados níveis de açúcar e gorduras saturadas. Isso, juntamente com os preços relativamente baixos dos alimentos, a atividade física reduzida e o marketing sofisticado, levou a índices de obesidade em franca ascensão.
A título de exemplo, compare o que ocorreu na Austrália e na China.
Agora um pensamento provocativo: e se a obesidade não for tanto um subproduto da modernidade, mas um sintoma de que alguma outra coisa está fundamentalmente fora do eixo? E se a ênfase implacável no crescimento econômico nos conduziu a pontos muito específicos onde tanto o bem-estar ambiental como a riqueza humana erraram o alvo?
Para Garry Egger, professor de Medicina do Estilo de Vida na Southern Cross University, e para Boyd Swinburn, professor de Saúde Populacional na Deakin University, ambas na Austrália, "a obesidade pode nos alertar para problemas estruturais na sociedade”.
Os dois pesquisadores lançaram recentemente um livro intitulado Planet Obesity, no qual argumentam que, por ser endêmica, a obesidade não pode simplesmente ser descartada e vista como resultado da indolência e da gula dos indivíduos.
A obesidade é um exemplo do êxito humano que atingiu e ultrapassou o seu ponto máximo, diz Egger. "Pode-se dizer que estamos entrando em um 'ponto morto', onde o próprio sucesso que conquistamos está ameaçando anular séculos de melhoria nos padrões de vida, nos níveis da saúde e na duração de vida cada vez maior."
Humanos mais pesados
Durante muito tempo na história humana a vida foi uma luta pela sobrevivência, então as pessoas permaneciam relativamente magras.
Nos tempos atuais, não admira que as cinturas tenham alargado com o acesso fácil a alimentos processados e altamente energéticos, porém pobres em nutrientes e com elevados níveis de açúcar e gorduras saturadas. Isso, juntamente com os preços relativamente baixos dos alimentos, a atividade física reduzida e o marketing sofisticado, levou a índices de obesidade em franca ascensão.
A título de exemplo, compare o que ocorreu na Austrália e na China.
A partir de um panorama inicial quase sem obesidade nos anos 50, a Austrália se tornou um dos países mais gordos do planeta. Nos últimos 20 anos, os índices de obesidade aumentaram mais rápido do que em qualquer outro país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Hoje 61% dos adultos australianos estão acima do peso ou são obesos. E as projeções são de que a proporção de pessoas com sobrepeso deve subir mais 15% nos próximos 10 anos.
Na década de 80 os chineses se referiam aos turistas australianos como jelly bellies (“panças moles”). A China estava então apenas nos primeiros estágios das reformas de mercado iniciadas por Deng Xiaoping, e a grande carestia vivida nos anos 60 ainda estava bem fresca na memória nacional.
Agora pule para o ano 2011: a China, hoje uma economia em transição, tem o triplo de gente obesa. O percentual geral do país ainda está abaixo dos 5%, mas nas cidades esse índice já passa dos 20% e não para de subir. Embora seja pouco em comparação com países ocidentais, o tamanho da população chinesa faz com que uma quinta parte do 1 bilhão de pessoas acima do peso e obesas no mundo seja chinesa.
Egger e Swinburn deixam claro que os problemas em torno da questão da obesidade e da saúde são complexos. De fato, boa parte das doenças crônicas associadas à obesidade poderia estar vinculada a uma inflamação do corpo, influenciada tanto por fatores comportamentais e ambientais como pela obesidade.
No entanto, fica claro que o estilo de vida moderno tem se tornado um grande risco de saúde em termos de doenças crônicas relacionadas à dieta alimentar, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e derrame, além de diversas formas de câncer. As consequências variam desde o risco ampliado de morte prematura até condições crônicas sérias que reduzem a qualidade de vida em geral.
Na década de 80 os chineses se referiam aos turistas australianos como jelly bellies (“panças moles”). A China estava então apenas nos primeiros estágios das reformas de mercado iniciadas por Deng Xiaoping, e a grande carestia vivida nos anos 60 ainda estava bem fresca na memória nacional.
Agora pule para o ano 2011: a China, hoje uma economia em transição, tem o triplo de gente obesa. O percentual geral do país ainda está abaixo dos 5%, mas nas cidades esse índice já passa dos 20% e não para de subir. Embora seja pouco em comparação com países ocidentais, o tamanho da população chinesa faz com que uma quinta parte do 1 bilhão de pessoas acima do peso e obesas no mundo seja chinesa.
Egger e Swinburn deixam claro que os problemas em torno da questão da obesidade e da saúde são complexos. De fato, boa parte das doenças crônicas associadas à obesidade poderia estar vinculada a uma inflamação do corpo, influenciada tanto por fatores comportamentais e ambientais como pela obesidade.
No entanto, fica claro que o estilo de vida moderno tem se tornado um grande risco de saúde em termos de doenças crônicas relacionadas à dieta alimentar, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e derrame, além de diversas formas de câncer. As consequências variam desde o risco ampliado de morte prematura até condições crônicas sérias que reduzem a qualidade de vida em geral.
Egger e Swinburn afirmam que estamos consumindo a nós mesmos e ao planeta até a morte. (Foto: Reuters)
Apetites insaciáveis
Naquelas mesmas coisas em que um dia os avanços tecnológicos nos tornaram mais saudáveis, hoje eles nos fazem perder a saúde. A razão para isso, segundo a dupla de pesquisadores, é que os humanos tendem a maximizar, em vez de otimizar, qualquer experiência, como é o caso da abundância de comida, e ao fazer isso a humanidade acelera o seu próprio fim.
O que ocorre com a saúde se dá com o meio ambiente. Os avanços tecnológicos já nos trouxeram benefícios. Hoje, no entanto, estamos passando do ponto em que os benefícios começam a se voltar contra nós.
Usando a obesidade como metáfora, o sobreconsumo dos recursos do planeta chegou a um ponto em que estamos ameaçando a nossa própria saúde por meio da degradação do meio ambiente e do acúmulo de dióxido de carbono.
Egger e Swinburn afirmam que estamos consumindo a nós mesmos e ao planeta até a morte. "O que nós pedimos é que se reconsidere a finalidade do sistema econômico em última análise. Tal finalidade deveria ser o avanço do bem-estar das pessoas em todos os sentidos – em termos de sustentabilidade ambiental, biodiversidade, equidade e saúde", explica Swinburn.
"Se o crescimento material está chegando a um ponto em que não temos nenhum retorno em termos de saúde, bem-estar ou felicidade humana, então é preciso questionar o quê exatamente estamos fazendo. Os custos hoje são tão altos que superam os benefícios”.
O salto conceitual desses pesquisadores é ousado e polêmico. Os economistas não escondem sua preferência em lidar com medidas como o PIB, em vez de noções como a de felicidade. Porém, com a humanidade hoje arrancando os recursos da Terra a uma velocidade 1,5 vez mais rápida do que a natureza consegue repô-los (e esse sobreconsumo está acelerando), essa é uma questão que terá de ser abordada em breve e, segundo modelos econômicos, quer a gente queira quer não.
Naquelas mesmas coisas em que um dia os avanços tecnológicos nos tornaram mais saudáveis, hoje eles nos fazem perder a saúde. A razão para isso, segundo a dupla de pesquisadores, é que os humanos tendem a maximizar, em vez de otimizar, qualquer experiência, como é o caso da abundância de comida, e ao fazer isso a humanidade acelera o seu próprio fim.
O que ocorre com a saúde se dá com o meio ambiente. Os avanços tecnológicos já nos trouxeram benefícios. Hoje, no entanto, estamos passando do ponto em que os benefícios começam a se voltar contra nós.
Usando a obesidade como metáfora, o sobreconsumo dos recursos do planeta chegou a um ponto em que estamos ameaçando a nossa própria saúde por meio da degradação do meio ambiente e do acúmulo de dióxido de carbono.
Egger e Swinburn afirmam que estamos consumindo a nós mesmos e ao planeta até a morte. "O que nós pedimos é que se reconsidere a finalidade do sistema econômico em última análise. Tal finalidade deveria ser o avanço do bem-estar das pessoas em todos os sentidos – em termos de sustentabilidade ambiental, biodiversidade, equidade e saúde", explica Swinburn.
"Se o crescimento material está chegando a um ponto em que não temos nenhum retorno em termos de saúde, bem-estar ou felicidade humana, então é preciso questionar o quê exatamente estamos fazendo. Os custos hoje são tão altos que superam os benefícios”.
O salto conceitual desses pesquisadores é ousado e polêmico. Os economistas não escondem sua preferência em lidar com medidas como o PIB, em vez de noções como a de felicidade. Porém, com a humanidade hoje arrancando os recursos da Terra a uma velocidade 1,5 vez mais rápida do que a natureza consegue repô-los (e esse sobreconsumo está acelerando), essa é uma questão que terá de ser abordada em breve e, segundo modelos econômicos, quer a gente queira quer não.